sábado, 17 de maio de 2008

O penta indiscutível


Admito que sou contra qualquer discussão sobre o incontestável (pelo menos para seres humanos de bom senso e não para doidos varridos ou gente desonesta) título rubro-negro de 1987, conquistado em vitórias épicas sobre esquadrões como o Atlético Mineiro e o Internacional de Porto Alegre. Diga-se de passagem, diante de platéias gigantescas nos locais de jogos (sabe-se que a torcida do Atlético Mineiro é a maior de Minas mesmo e lotou sua metade do Mineirão naquela semifinal) e da atenção de todo o Brasil. Os torcedores mais novos conseguem acreditar realmente que a CBF é uma instituição tão proba e honesta quanto um convento de irmãs carmelitas descalças, por isso repetem a ladainha de que o Mengão é tetra como se fosse isto um mantra que lhes trouxesse paz, glória e tranqüilidade.
Eu decidi que, de agora em diante, tratarei como pessoa desonesta e sem escrúpulos todo aquele que não reconhece o Penta Rubro-Negro como legítimo. Quem tiver este comportamento, para mim, é igual a quem apóie a pizza do Renan, o Mensalão do Lula, os anões do Orçamento e o esquema PC Farias.
Para entender melhor o motivo de tanta veemência, um pouco de história: em 1987, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), recém-criada da antiga Confederação Brasileira de Desportos (CBD), vivia grave crise financeira e um monumental descrédito. O campeonato do ano anterior tinha repetido os tempos da Arena (“Onde a Arena vai mal, um time no Nacional/Onde a Arena vai bem, outro time também”). Exatos 44 clubes haviam disputado o campeonato, que terminou com a justa vitória são-paulina. Mas o prejuízo amargado pela CBF ameaçava até mesmo a realização do certame de 1987.
Por causa disto, os treze maiores clubes do Brasil, liderados pelo sr. Carlos Miguel Aidar – então presidente do São Paulo – fecharam um patrocínio com a TV Globo e convidaram mais três clubes para formar um campeonato com 16 clubes. A CBF concordou com tudo. O campeonato começou já com grandes rendas, muito emocionante, com todos jogando contra todos e não divididos em grupos, sorteados de forma que um time grande jogava contra o Arapiraca e outro jogava contra um time grande.
Diante do sucesso iminente do campeonato, se irritaram os srs. Otávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid (nota: pessoas que inspiram VOCÊ, que ataca o título rubro-negro), que se mantinham anos no poder na CBF graças à estratégia (até hoje usada em algumas federações) de se apoiar em clubes pequenos. Tudo que Otávio e Nabi NÃO queriam era a autonomia dos grandes clubes que, com sua popularidade, não precisavam da CBF para organizar campeonato – como acontece na Europa, onde, por exemplo, a Premier League inglesa não é a mesma entidade que gere a seleção nacional.
Diante da oposição da dupla, os clubes grandes criaram o Clube dos Treze e impuseram a criação de um campeonato com menos clubes. Se realizaram dois campeonatos paralelos, o Módulo Verde, do Clube dos Treze, com 16 clubes, e o Módulo Amarelo, organizado pela CBF com 15 clubes que haviam sido excluído do Clube dos 13. O módulo verde era a Copa União.
Quando já haviam sido jogadas cinco rodadas, a CBF impôs o cruzamento dos dois módulos, uma virada de mesa, um golpe que quem apóia só pode ser gente de má-fé. O vencedor do quadrangular, anunciou a CBF, seria o campeão brasileiro. Os dirigentes de TODOS os clubes que disputavam a Copa União recusaram-se a cumprir a determinação, mesmo porque a competição não era organizada pela entidade. Quando houve essa recusa geral dos 13, ainda não se sabia quem estava mais perto de ganhar. A Copa União – como foi batizada - começou em setembro, e seguiu normalmente até dezembro, assim como o tal campeonato promovido pela CBF.

Fonte: eclipse

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